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Uma gotinha

Desde que me mudei para São Paulo minha vida virou de cabeça pra baixo. Mas não só virou assim, simplesmente 180 graus. Antes de achar a posição incômoda que está agora ela já deve ter feito uns 300 loopings emocionantes como os de uma montanha russa. Só que me sinto naqueles dias em que você acabou de comer um hamburgão e ir numa montanha russa deveria ser a última coisa a ser feita.

A cidade me engoliu como se eu fosse um hamburgão. Ainda estou tentando catar as migalhinhas de mim que sobraram e as segurando firme nas mãos para que o vento ou os pombos não levem embora.

Ninguém sabe o que realmente se passa. As pessoas enxergam o lado bom, os trabalhos, o crescimento profissional, o sucesso. Eu também enxergo, mas quando as lágrimas embaçam minha vista quando chega a noite e deito na cama eu não consigo enxergar muita coisa. Pior é quando as lágrimas vêm em horas erradas, no metrô de 50 mil pessoas ou no meio de um ensaio importante. Não me resta outra opção a não ser engolir o choro feito criança malcriada. Vou enchendo o balde. Quando vai entornar eu não sei. Às vezes acho que vou me derramando aos pouquinhos. Mas se me apertar num abraço eu vou molhar feito quando se aperta uma esponja encharcada.

Tento passar pelos dias um de cada vez para não me desesperar, e quando vejo já estou no fim de semana do fim do mês que vem. Envelheci 5 anos em olheiras, ganhei 5 quilos em barriga, tomei muito mais que 5 Neosaldinas, ganhei menos de 5 mil reais e gastei 55 reais numa massagem para dor nas costas de 25 minutos. Aos 50 anos eu quero estar viva e longe pra rir de tudo isso.

Já pensei no que quero fazer se tudo me encher o saco. Posso trabalhar numa revista de mulherzinha escrevendo coisas de mulherzinha, posso fazer um curso de desenho ou fotografia, um de francês com certeza, posso viajar o mundo passando perrengue, posso estudar pra criar as crianças do mundo e fazê-las serem diferentes de mim, posso ter um blog descolado de decoração intuitiva e autoral.

Posso mandar tudo a merda e ir morar na praia sem protetor solar.

Mas por enquanto… por enquanto não. Não vou desistir. Sou do tipo vai quase até o fim. Até o fim de cada dia, pelo menos.

A sensibilidade que falta em SP está sobrando aqui.

Bella


Possessiva

Meu amor,

Se te chamo de meu amor, não é porque te considero meu. É que de todos os que passaram, com você é que virou amor. Amor que eu sinto e que por isso é meu. Se você é o amor e o amor é meu… Virou sinônimo.

possessiva